sexta-feira, 3 de abril de 2015

II SEMINÁRIO DE TEATRO – BOCA DE CENA/2015

24/03/2015 – Primeiro dia do seminário - Sede Teatral Grupo de Risco


COLEGIADO SETORIAL DE TEATRO e FUNDAÇÃO DE CULTURA DE MATO GROSSO DO SUL, em parceria com a REDE DE EDUCAÇÃO CIDADÃ


Objetivo: Desenvolver um processo de formação à partir das experiências de artistas locais e da conjuntura cultural de Mato Grosso do Sul e de outras realidades, tendo em vista a organização da luta de classe, identificação dos desafios e aprofundamento do debate em torno de políticas publicas culturais.



25/03/15 – Segundo dia de seminário - Sede Teatro Imaginário Maracangalha

 Análise – limites e avanços para o teatro em Mato Grosso do Sul 

Roberto Figueiredo: Problemas de estrutura financeiro e político, enfrentamento com o poder público municipal. História do Teatro em MS, para os projetos do futuro, às vezes é importante dar um passo atrás, para analisar e caminhar para frente novamente. Vivemos momentos diferentes com um objetivo comum o teatro. Na década de 70, chegando em Campo Grande, época da ditadura, os grupos de teatro atuavam contra a ditadura. Havia uma confederação nacional de teatro, e as federações, com uma luta mais política, do que em relação ao teatro em si. Até a década de 80, a única coisa permitida eram as reuniões, por conta do período. Efervescência dos movimentos culturais, cria-se a federação de teatro, a de dança, foram criados pois era permitido, era como uma máscara para se reunir politicamente. As pessoas que estavam a frente neste período eram do meio, conquistamos um espaço nacional significativo, a cultura ainda era vinculado ao ministério da educação. Isso tudo politizou bastante os fazedores de teatro no MS, resultou numa série de ganhos. O movimento em MS, foi bastante politizado, na década de 80 e 90, estivemos muito forte na discussão política, é um movimento política, que geralmente é puxado pelo teatro. Nasce atrás, é importante olhar para a história, várias pessoas nossas, do meio, participavam destes espaços.

Haviam encontros, que não eram exclusivamente para ver teatro, mas espaços de convivência, de discussão, de troca, que eram orientados pela confederação de teatro. Hoje os festivais acabam mais rápido, os grupos vão e voltam de um dia para o outro, a forma de organização grupal de permanecia era muito importante. Isso acontecia fora do estado, íamos copiando os movimentos de festivais, nos estados.....

As pessoas que tinham interesses políticos nessa história, não precisavam mais das instituições, procuram seus partidos e outros espaços, contudo, não estávamos preparados para esse divórcio, surge um vácuo aí... Perde-se o espaço político, para ser somente o artístico. Então, inicia a organização de setoriais. As mudanças começam novamente a partir de 15 anos para cá...... Tínhamos até a década de 90, grupos fechados, neste sentido, haviam aspectos positivos e negativos, quem fazia parte de um grupo, não fazia do outro. A maior polêmica da década de 90, era a palavra “amador”, discutia-se a retirada desta denominação da confederação. Debatia-se a necessidade de ser profissional, por conta dos pagamentos, então virou uma categoria profissional. 


Provocações: Qual o papel que nós profissionais de teatro? Como nos organizamos perante isso? Enquanto grupo e pessoas físicas? Por meio de sindicatos? Colegiados?

A lei rounet não atende o Brasil, atende fora.

Divisão do estado até a década de 90, era um momento importante, da era amador, houve uma transição. A partir daí, a profissionalização da área, trouxe outro olhar. A discussão não era qualidade de trabalho, mesmo sabendo de sua importância. Teatro não tem que ir para a escola, mas a escola vir ao teatro. Levava-se para a escola sem nenhuma qualidade, para formação de plateia. Sem nenhuma estrutura. O espetáculo era adaptado para estar na escola? Não havia essa discussão, fizemos anos e anos uma tentativa de trazer plateia, mas a estratégia foi errada.

Provocações: De que formas temos que nos organizar neste período?

Qual a qualidade de nossos trabalhos? Na perspectiva da formação de plateia?

Estamos trabalhando com as emoções, trabalhamos com algo mais importante, é preciso ir a fundo. Precisamos de um documento que diga que somos artistas profissionais.

É necessário a discussão em torno da qualidade, para fortalecimento e crescimento da área, não estamos reivindicando misérias, são leis que estamos cobrando, é constitucional.

Qual a opção que o colegiado dá a essa instituição ao fazer a seleção? É possível fazer de outra maneira?

A qualidade precisa estar dentro de nossas discussões, para conquistarmos público.

Qual o tipo de público que queremos de qualidade ou quantidade?

Acho que fazemos arte por duas coisas, uma logicamente porque gostamos, outra é pra alguém veja. O momento é de crise, localizada, mais municipal. Que o SOS CULTURA, se realiza.

Há linguagens e possibilidades diferentes.


Debate:

Fernando: Teatro no MS, tinha muito a ideia de interiorização, rolava o intercambio entre os grupos. Esse vácuo na década de 90, mas acredito que surge novamente, por meio das redes. Se organizar politicamente também, essa questão da política e estética. Os grupos que vão para o interior, que tivesse uma troca, não fosse somente para apresentação. A ideia é tentar utilizar o circuito, para estabelecer esse intercâmbio.

Renderson: Percebo que o estado ficou muito tempo com grupos de 2 ou 3 pessoas. Os grupos também estão na prática de formação interna. Na busca da profissionalização da área é importante. A pesquisa dentro dos grupos, os processos se dão a partir de sua prática. Os grupos que estão a mais tempo, percebe-se que estão com caras novas. Os grupos estão com mais pessoas trabalhando juntas oxigena o grupo, olhar novo e energia.

Anderson: De 2000 para cá, tenho impressão que as coisas voltam para trás. Quais são nossas referências atuando nos palcos. O que acontece que vai desestimulando? A profissionalização, é difícil trabalhar com mais pessoas que não comungam da mesma ideologia do grupo. É o segundo ano do seminário, o governador esteve ontem na mostra, talvez por conta do movimento que politicamente está forte, e em sua profissionalização está frágil. Precisamos ver o que queremos e aí não sinto necessidade da fundação aqui, é definir o que queremos e cobrar isso.

Quais metas queremos? Como se organizar para definir metas e cobrar.
O núcleo de teatro trabalhar 08 anos com uma pessoa, é exigir do papel publico que cumpra.
O projeto na escola não deu certo, é importante pontuar os porques...

Marcelo (Coxim): Estabelecer a relação, pois a sensação de que a luta é solitária. Não centralizar em Campo Grande. Há um momento diferente, tem hoje no município, um grupo de teatro municipal. O viés é a escola.

Lú Bigattão: O panorama é legal, tudo é um processo é histórico, é uma categoria que leva a luta, é consciente, a politização da categoria, não é uma luta perdida, um vácuo, e sim um reflexo. A gente fazia teatro e era amador, porque acreditávamos, nos reunimos porque queríamos mudar o mundo. Quando surge a profissionalização, muda o foco, a qualidade do que se faz, qual o público. Fazíamos tudo junto, começou a ter uma divisão de categorias. Era amador porque tinha o domínio de tudo que se fazia dentro do grupo. Acho que mudou com os editais, a burocracia. 

Estamos batendo na prefeitura e esquecendo do Estado. Por que nunca batemos na porta do Sesc? A grana que o sesc tem? Antes queríamos levar o teatro na escola, mas há peças direcionadas para a escola. O interior ficou um período como uma coisa anônima, talvez seja o momento político. O momento é de crise, mas há coisas boas. O teatro tudo que quis conseguiu. O teatro é muito forte, é estruturar metas. Cadê as empresas? Como podemos ampliar?

Ricardo (FIC): Temos a política de ouvir e estar nesses espaços. Qual a pauta da organização para a FCMS. Vamos sempre ter esse intercâmbio com a classe para irmos vendo o que precisamos fazer. Não tínhamos muito antes, os canais de comunicação, a desconexão muito grande entre o canal governamental e a sociedade civil. É preciso ter uma pauta de discussão dentro do governo.

Aroldo: Parabenizar por esta luta, e a comemoração da semana de teatro. Comprovar diante de vocês que a angustia não é local, mas em todos os lugares. A busca e a angustia estão em mesmo patamar. De 3 anos para cá, o estado começou a expandir para o interior, (Salvador). A troca favorece a cultura que faz parte do mesmo estado. Quando ouço plateia, ainda assim se trabalha em festivais, por exemplo, com um setor que trabalha somente nesse aspecto. O teatro precisa de todo mundo. A questão dos editais, ainda a verba é insuficiente, a busca do produtor, ator, quanto mais puder disponibilizar para as áreas da equipe, porque sabemos que o teatro anda com essa equipe grande.

Roberto: Na ideia de festivais, que havia o interesse interno para o grupo. Como fazer com essa nova cara, a gente ficar se vendo e discussão dos nossos trabalhos. A questão da fecomércio na Morada dos Baís, outra afronta do município, é patrimônio tombado e é público, de acesso as pessoas. É preciso discutir isso com o governo municipal, não temos acesso a fecomércio, é uma empresa privada. O único espaço público que funcionava.

Divisão em 03 grupos para reflexão, à partir da análise mais ampla, feita no dia anterior, e a mais local, levantar os desafios e conhecer as realidades dos grupos e ou artistas. Relatar as propostas que o grupo propõe para superação dos desafios apontados nos 02 dias de seminário.


Apresentação dos grupos:

Grupo 1:
1 – Mapeamento dos artistas da cena local, por meio do colegiado de teatro e da Fundação (ou os próprios municípios) – Precisa estabelecer um prazo para isso.
2 – Mapeamento dos equipamentos dos espaços abertos e fechados;
3 – Capacitação dos grupos do estado para elaboração de projetos;
4 – Encontro Estadual de Teatro;
5 – Boca de Cena itinerante;
6 – Intercâmbio e vivência entre os grupos por meio do circuito (rever);

FIC
Destinado aos grupos, os editais seja de concorrência dos artistas, e um específico para as prefeituras;
Observação: Avaliação sobre a participação do boca de cena e o seminário. (segunda ou terça está marcado).

Grupo 2:
1 – Rio Verde e Jardim, falta de profissionais locais;
2 – Como fomentar a classe artística no interior (cursos, oficinas, intercâmbios, troca maior e mais profunda)
3 – Por meio do circuito
4 – DRT, ter no mínimo 2 anos do comprovação de atividade. Como fazer com o interior, de que maneira comprovar? A mídia não dá apoio, não há registros.
5 – Setoriais regionais, para fortalecer a classe local.
6 – Demandas vice e versa, em relação as ações com o interior.

Observação: Que o circuito seja recebido pelo grupo local (para fazer a produção) e não somente a prefeitura.

Grupo 3:
1 – Elaboração de uma carta de repúdio à fecomercio, com cópia a prefeitura, secretarias, câmara, legislativo... até dia 03/04.

2 – Estabelecer uma política de relacionamento com o Estado; (Qual o nível de relacionamento com o Estado? Observando os últimos acontecimentos, em que os artistas de teatro eram submetidos as definições da fundação, é preciso uma isenção total em relação ao estado, na hora que tiver que bater de frente, o fazer com autonomia);
3 – Ampliar as apresentações nos municípios para 03 dias, estabelecendo intercâmbio. Não apenas apresentar, estimular a formação local;
4 – Reavaliar o FIC e todos os outros editais da FCMS, o prêmio etc;
5 – Processo de avaliação do trabalho, início com os pareceristas, segundo momento avaliação dos resultados (um grupo de curador, outro grupo vai lá e avalia), isso é investimento. Criou-se ainda a fase intermediário, no meio do processo, uma pessoa acompanha para ver como está sendo o desenvolvimento do projeto. A avaliação recebe “” um selo identificando a qualidade do trabalho, e é fonte de consulta num próximo momento. Sistema de avaliação dos projetos. Os projetos não devem ser avaliados por curriculo (acadêmico), mas por mérito de criação.

Considerações:
-O mais importante para nós, diante das diferentes realidades, é a formação de produtores que entenda de projetos. Intercâmbios.

- Não é importante criar um selo de qualidade, mas o acompanhamento é necessário.
- Circuito, valor dele, a sugestão de acrescentar para 03 dias, oficina e intercâmbio, este valor que acrescenta seja recebido pelo grupo local.

- Produção do circuito feita pelo grupo local.

- Utilização de ferramentas disponíveis, apropriação do mecanismo, o cadastro do silic, utilizar como ferramenta local.

- Acrescentar a verba para o acompanhamento dos projetos. Verba distinta e descriminada da municipalidade.

- Verba de administração, foi utilizada somente 50%, é preciso ser descriminada, o conselho informou que não foi utilizado tudo, somente a metade.

- A FCMS precisa acompanhar o desenvolvimento dos projetos feitos.

- O Prêmio Rubens Corrêa, enquanto prêmio e não convênio.

- Compor um sistema de avaliação e acompanhamento.


26/03/15 – Terceiro dia de Seminário - Na sede do Circo do Mato



Leitura do regimento interno do Colegiado Setorial de Teatro de Campo Grande, como base para formulação do regimento estadual. Dividido em grupo, as propostas:

Considerações:

Grupo 1:

- Trocas onde se fala município por estado;
- Nas comissões, inserir o mapeamento de grupos, artistas e aparelhos. (Como funciona? Qual o papel de cada comissão? (Detalhar o papel)
- Papel do colegiado estadual (suas proposições);
- Uma pessoa pode ser um colegiado?
- Grupos de trabalho nas regiões onde não tem o colegiado.

Grupo 2:
- Criação de e-mail estadual do colegiado; (passar uma lista de e-mails hj)
- Página no face estadual; (Quem cria esses instrumentos?)
- Pautar na lei o regimento interno, a partir dos planos estaduais, nacionais, do fórum estadual etc... (Olhar este regimento base, transferindo-o para âmbito estadual);
- Proposta de reuniões bimestralmente, descentralizando, dividindo por regiões. Que o local das reuniões sejam definidas a cada reunião;
- Formação de comissão que pensará o regimento interno a ser apresentado na próxima reunião;
- O coro das reuniões: incentivar a participação de grupos, que compõe seus colegiados municipais ou regionais, e as cidades que ainda não constituirem os colegiados, participem ativamente com o grupos e artistas que estiver;
- Utilização da tecnologia para as reuniões, como teleconferência, skipe etc...
- Formação das comissões com o maior número de pessoas dos diversos municípios;
- A comissão de pesquisa/história, colaborar no mapeamento dos grupos, incentivando a participação de mais municípios no decorrer das reuniões. (Ampliar/agregar/fomentar/incentivar)

Grupo 3:
- Rever a introdução, conforme lei estadual;
- Colegiado Estadual de teatro funcionasse como órgão indicador, podendo indicar para conselho (dependendo da especificidade do municipio;
- Ao invés de 1 ano, para 2 anos, para a comissão da executiva estadual; (artigo 4)
- Comissões temáticas, para 2 ou 3 anos, no mínimo 2;
- Proposta das reuniões ordinárias, para ser trimestral;
- Reuniões em diversos locais públicos e privados, de acordo com o consenso do colegiado estadual;
- Termos de concordância para definições on line;

Comissão para formação do regimento:

- Fernando/Fernanda/Renderson/Léo de Castro/Damasceno

Data da próxima reunião do colegiado estadual e local:

- 03 de junho de 2015 após o almoço, o local a ser definido pela equipe local.

Nesta reunião, discussão final e aprovação do regimento interno.

Leitura e aprovação da síntese do encontro com propostas a serem protocoladas na FCMS;

Leitura e aprovação da NOTA DE REPÚDIO, sobre a questão da Morada dos Baís.

Encerramento do dia, lanche coletivo e muita energia!!!!



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